sábado, fevereiro 17, 2007

Lourdes.


Fim de tarde como outro qualquer, a não ser pelo forte barulho das gotas da chuva que caem sobre a minha janela.Uma leve sensação de nostalgia me contaminou. Uma saudade boa, que às vezes a gente nem sabe bem do que... Talvez de tempos passados, de lembranças distantes, talvez de alegrias vividas, de momentos partilhados, talvez de pessoas idas... Ou parar e pensar no passado. Recordar coisas que na maioria das vezes nos fazem refletir e pensar. Olhar escritas que fiz há um bom tempo e falar: "como fui feliz e quem sabe eu ainda serei e não me dou conta disso". Sentir aquele aperto inefável no peito que nos trás um choro infantil que só eu mesmo entendo e me faz repetir para mim mesma: "aconteceu comigo". Que saudade! Bom, como todo Ser Humano, todos paramos para pensar no passado e refletir se foi bom ou ruim o que fizemos. E apesar de tudo, sentimos saudade... E assim, me lembro de fatos que me ocorreram durante toda a vida, quando um em especial, se aloja em minha mente e permanece ali por algum tempo... Lembrei-me de Lourdes,minha vizinha - enamorada.Uma morena bonita, alta, de cabelos levemente ondulados com a voz mais doce que meu coração pudera ouvir. Não demorou muito, para logo virarmos grandes amigos. Saíamos todos os finais de tarde, para contemplar o pôr - do - sol, ouvir a quebra do mar e as gaivotas par em par, voando na imensidão daquele céu azul. E nós, ali num desejo de infinito, contemplávamos aquela despedida ao Sol, toda a natureza celebrando a chegada da Lua, gélida e cálida. E mergulhávamos em beijo intenso, Lourdes e seus lábios de chocolate, se derretiam nos meus. E todas os fins de tarde, eram como ritual, a nossa tão grandiosa despedida ao Sol. Um certo dia, num desses beijos afogantes, Lourdes caiu morta aos meus pés, nada pude fazer. Tentei ao menos chorar, mas não derramei sequer uma lágrima. Todo aquele carinho, a emoção, fora perdido no espaço, me deixando sozinho, carente dos teus abraços, que jamais voltarão.Não me senti triste, estava totalmente indiferente. Nada mais me soa diferente, a morte é apenas passagem. Dei meu último adeus a Lourdes com um profundo beijo em sua testa e lá ela se foi ,minha enamorada, tão amada, fora afastada de mim. No começo, um vazio me tomou conta, e não haviam mais rituais de despedidas ou de boas - vindas. Estava preso a tal situação que de forma alguma, eu era culpado. Acendi mais um cigarro e inventei minha liberdade.

domingo, fevereiro 11, 2007

Nada.

Ela caiu morta aos meus pés. Nada pude fazer.
Tentei ao menos chorar, mas meus olhos não
derramaram sequer uma lágrima. Não conseguia
sentir tristeza, estava totalmente indiferente.
Mais nada me soa diferente, a morte é apenas passagem.
E na falta do que fazer, invetei minha liberdade.